quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Terceirização: vale à pena tentar?

Por Danilo Sardinha

Saldar as dívidas, contratar jogadores renomados e conquistar títulos é o sonho de qualquer clube brasileiro. Um sonho que, há alguns anos, ficou mais fácil de ser realizado. O procedimento parece simples: entregar o departamento de futebol para um investidor.

Uma maravilha? Talvez só no começo do acordo. No fim da história, o paraíso se transforma em inferno. As dívidas retornam, os jogadores se vão e, em vez de títulos, rebaixamento.

A terceirização, processo em que o clube contrata uma empresa para administrar o futebol, está cada vez mais presente nos times pequenos. Para continuarem vivos, a solução, muitas vezes única, é deixar os investidores no comando.

— Parece uma desistência, uma confissão de derrota. Mas, às vezes, a derrota realmente aconteceu – opina o colunista esportivo do jornal Folha de S.Paulo, José Roberto Torero.

Vista na teoria, a terceirização parece ser uma boa solução para clubes do interior. Porém, na prática, a situação é oposta. Os clubes, desesperados para se reerguerem, não analisam de maneira correta o contrato proposto. Somente a verba que será investida recebe a atenção dos dirigentes.

O São José também foi vítima de olhares gananciosos. Em 2004, a Águia do Vale acabou rebaixada para Série A-3 do Campeonato Paulista. No comando da equipe estava a empresa Leiman, dos empresários Antonio Mangino Neto e Antonio Manso.

— Dependendo do tipo de contrato, você perde o controle da gestão, ficando apenas como “espectador” das decisões que o terceirizado pode tomar. Isso acontece muito por causa de péssimos contratos, sem cláusulas de transição e garantias futuras – afirma o advogado e vice-presidente do IBDD – Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, Felipe Legrazie Ezabella.

Para não correr riscos, a diretoria de um clube precisa estar bem assessorada juridicamente antes de assinar um contrato desse tipo. Investir no departamento jurídico é uma boa alternativa para evitar perdas futuras.

— É preciso prestar muita atenção nas garantias do negócio. O ideal seria que o próprio clube tivesse uma administração toda profissional – finaliza Felipe Ezabella.

PRÓXIMO CAPÍTULO
Para ter uma administração profissional é necessário o investimento em várias áreas do clube. Dentre elas, o marketing. Fundamental na captação de renda, o marketing no futebol tem como função aproximar o clube do torcedor.
O especial “Dôssie Interior” explicará, na próxima quinta-feira, como funciona o marketing dentro de um clube. O Informativo da Águia entrevistou o publicitário Nicolas Caballero, que já trabalhou no Parma, da Itália, e na Wind Group da Suíça, uma das maiores empresas de marketing esportivo do mundo.

[Atenção: conteúdo exclusivo do INFORMATIVO DA ÁGUIA]

Um comentário:

Anônimo disse...

A tercerização não é uma boa opção para um clube do interior. Na minha opnião, creio que seja melhor o que a FERROVIÁRIA DE ARARAQUARA está tentando, transformando o clube em EMPRESA.

FABIANO MARINI