
Durante seis dias o Informativo da Águia apresentou os problemas e as soluções para o futebol no interior paulista. Para finalizar o especial “Dôssie Interior”, separamos alguns trechos das entrevistas com nossos convidados para complementar os assuntos abordados.
SITUAÇÃO DO FUTEBOL NO INTERIOR
José Roberto Torero (Folha de S.Paulo): “O futebol no interior está ruim, bem ruim. Times que antes amedrontavam os grandes, hoje estão quase fechando as portas.”
Erich Beting (Bandsports): “Com menos dinheiro, o clube do interior tem mais dificuldade de competir no alto nível. É o caso de Ponte Preta e São Caetano, que não seguraram o ‘rojão’ de ficar na Série A do Brasileiro. A tendência é eles ficarem nessa gangorra.”
Eduardo Affonso (Rádio Eldorado/ESPN): “A situação no interior, em termos de futebol, ficou péssima. Primeiro, com a saída do Eduardo José Farah da FPF, pois, apesar de todos os defeitos, ele dava muita força para os clubes do interior. Depois veio o pior – a Lei Pelé. Ela desmotivou os times do interior a investirem na formação de atletas, cuja as vendas garantiam a manutenção de equipes fortes na temporada.”
TERCEIRIZAÇÃO
Felipe Ezabella (advogado): “O lado bom é que normalmente a empresa terceirizada tem um capital grande para investir e, em tese, é um profissional do ramo, com expertise necessária para desenvolver a atividade. O lado ruim é que, dependendo do tipo de contrato, você perde o controle da gestão, ficando apenas como “espectador” das decisões que o terceirizado pode tomar.”
“Normalmente ocorre em equipes com histórico de má administração, endividadas, que buscam parceiros para continuarem a ter equipes competitivas.”
“O conselho é estar muito bem assessorado e prestar muita atenção nas garantias do negócio.”
MARKETING
Nicolas Caballero (publicitário): “A importância é imprescindível, pois os clubes devem procurar outras receitas além da venda de jogadores.”
“Assim, como no mercado formal, idéias simples, mas criativas, podem surgir grandes efeitos. É possível desenvolver estratégias de marketing com poucos recursos. O que falta é interesse e criatividade.”
“Tirando ações isoladas, planejamentos de marketing em equipes pequenas são raros no Brasil.”
“Contratem um profissional especializado e usem a criatividade, mesmo com a falta de recursos.”
CATEGORIAS DE BASE
Fabio Aires da Cunha (treinador): “É preciso ter profissionais capacitados que entendam como trabalhar com jovens atletas, tanto no nivel de treinamento como na direção.”
“Uma categoria de base com qualidade não é um investimento barato. Pode se montar algo simples com qualidade, mas gastos com material, estrutura física e alimentação são indispensáveis.”
“O ideal é que os garotos passassem por uma avaliação completa (física, técnica, tática e psicologica) antes de serem escolhidos. Esse periodo compreendesse por volta de uma semana. Como o custo é alto e a procura grande, muitos optam pelas tradicionais peneiras, método dificil de avaliar um garoto de forma justa.”
DICAS
Mauro Tagliaferri (Rede Record): “Os clubes precisam voltar a se identificar com a comunidade. Eu não posso acreditar que em cidades como São José dos Campos, Araras, Ribeirão Preto, Campinas, São José do Rio Preto, entre outras, não haja empresas e empresários dispostos a investir no futebol. Todo mundo sabe que a economia está aquecida no interior de São Paulo. O que falta é credibilidade. Esses times estão há tanto tempo nas mãos de picaretas que, agora, ninguém mais acredita que possam ter um projeto sério.
Erich Beting (Bandsports): “Um dirigente deve ter equilíbrio emocional, gestão financeira racional e, é claro, um bocado de sorte. Óbvio que ele tem de ser um bom administrador e saber pensar em longo prazo. Com isso dá para se fazer um trabalho de maior destaque no cenário esportivo.”
“O clube precisa ser equilibrado. Tanto financeira quanto esportivamente. É difícil hoje um time de interior manter sua estrutura de pessoal (jogadores e técnico) por muito tempo. Com isso, o lado extra-campo tem de estar absolutamente ajustado, para que as mudanças que ocorram em campo serem as menos traumáticas possíveis.”
[Atenção: conteúdo exclusivo do INFORMATIVO DA ÁGUIA]
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